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Esse
caos americano de energias humanas liberadas vem acontecendo há mais
de um século, menos de metade da história passada do país. Nesse
período, criou a América e tornou a América o país mais rico do
mundo. De onde veio essa riqueza?
Os
americanos vêm explorando os recursos naturais de metade do
continente. E essa exploração continua hoje e deve voltar a se
acelerar, uma vez que nossa riqueza natural não aproveitada é
enorme. O potencial elétrico, por exemplo, mal começou a ser
explorado. A Química acabou de descobrir um novo universo de
recursos naturais. Mas só os recursos naturais não explicam nossa
maior riqueza relativa, já que, enquanto os americanos exploravam a
América, os europeus exploravam a Ásia, a África, a América do
Sul, as Índias Orientais, as Índias Ocidentais, a Austrália e os
mares do sul.
Ninguém
despejou riqueza nas mãos americanas como o México e o Peru deram à
Espanha. Há minas na Birmânia, na China, na velha Rússia e na
Austrália, assim como em Nevada. O ouro da Califórnia não equivale
ao ouro e aos diamantes da África do Sul. Há carvão e ferro na
Grã-Bretanha e no Saara, petróleo quase inexaurível na Pérsia, em
Mossul, no Azerbaijão e na Venezuela. As grandes florestas do mundo
não estão na América. Nenhum solo na Terra é tão produtivo como
os do Egito e do Sudão. O café, a borracha, o açúcar, o rum, as
especiarias, o coco seco e o estanho pagam dividendos. A Índia deu
algum lucro e a Indochina não deu prejuízo à França, nem as
Índias Orientais à Holanda. Acho difícil pensar que os americanos
exploraram mais recursos naturais que os europeus.
Não
são as terras de graça que explicam nossa riqueza. A riqueza não
vem da terra, mas do trabalho sobre a terra. E talvez uma população
subjugada trabalhe a terra com mais diligência que homens livres.
Além disso, é um erro supor que a terra neste país não custou
nada.
Grandes
especuladores arrebataram este solo, a crédito, e o venderam a
preços altos. A fúria da especulação com títulos de terra
começou antes que nosso governo fosse criado. O Congresso
Continental, em uma tacada, vendeu cinco milhões de acres em Ohio. A
Virgínia vendeu, em blocos de mil acres, o Kentucky, as Carolinas, o
Mississipi, o Tennessee e ninguém sabe que parte de Ohio, Indiana e
Illinois. Houve um crash
dessa especulação na década de 1790, com falências e tempos
difíceis.
Depois
da Compra da Louisiana, quando o salário por doze horas de trabalho
duro era de vinte e cinco centavos, o Gabinete de Terras dos Estados
Unidos, em um ano, vendeu cinco milhões de acres do baixo Missouri
por um preço médio de cinco dólares o acre. Os especuladores
compraram e os preços deram um salto. A especulação ficou maluca
pelos lotes. Os promotores os vendiam por US$ 50,00; saltaram para
US$ 250,00, US$ 500,00, US$ 800,00, US$ 1.000,00. O preço das
fazendas foi para US$ 50,00 o acre. A bolha estourou com a crise
bancária de 1819.
O
Homestead
Act
foi aprovado em 1862, quando apenas o supostamente inabitável Grande
Deserto Americano tinha sobrado. Vinte e oito anos depois a última
parte do Grande Deserto Americano foi tomada na última corrida de
terras. Duas décadas depois disso, eu mesma ajudei a vender a terra
virgem da Califórnia, por preços que alcançavam US$ 800,00 o acre.
Talvez
a América seja o país mais rico porque os americanos tomaram tanto
território e fizeram dele um único país sem barreiras ao comércio.
Talvez seja porque os americanos acolheram e exploraram a revolução
industrial, a ciência aplicada e as máquinas como nenhum outro
povo. E talvez tenham conseguido fazer isso porque não tinham
fronteiras, distinções de classe e o peso das burocracias para
atrapalhar, como os europeus sempre tiveram.
O
fato de que a América é o país mais rico não é em si tão
importante; a Inglaterra é rica, como a França e a Holanda; como
era a Alemanha de antes da guerra e o Império Austríaco. Mais
importante que isso é que os Estados Unidos da América são o país
com a população mais rica do mundo.
Pela
lógica, o egoísmo sem barreiras deveria construir uma enorme
riqueza para uns poucos e afundar as multidões na pobreza mais
sórdida. A mente lógica germânica de Marx viu isso. Ele enxergava
e podia contar estatisticamente uma quantidade determinada de riqueza
– tangível e sólida como uma maçã. Naturalmente, ele concluiu
que quanto mais a classe alta tomasse dessa riqueza menos sobraria
para as classes inferiores. Os ricos ficariam mais ricos e os pobres,
mais pobres.
Na
verdade, neste país, aconteceu o inverso. No aproveitamento da
riqueza, existe menos disparidade agora, hoje, entre o americano mais
rico e o operário médio do que havia entre Jefferson e Monticello e
o colono médio do extremo oeste no Kentucky.
Parece
que o individualismo tende a nivelar a riqueza, a destruir a
desigualdade econômica. Marx, o europeu, não podia conceber as
enormes energias criativas liberadas quando multidões de homens,
libertos pela primeira vez do controle econômico, saem cada um do
seu jeito para obter para si a maior quantidade possível de riqueza.
Certamente, essa breve experiência de individualismo não apenas
criou grande riqueza e multiplicou de maneira inimaginável as formas
de riqueza em bens e serviços, mas também distribuiu essas formas
de riqueza num grau nunca visto e nunca igualado em outros lugares.
Expressamos isso dizendo que a América tem o mais alto padrão de
vida do mundo.
Isso
também parece ter acontecido por acidente. Todos sabemos que não
foi planejado; ninguém pretendia isso. Cada um de nós está aí
para conseguir o que puder de melhor para si e para sua família,
“seguindo a regra simples e o velho e bom plano de que quem tem o
poder deve usá-lo e quem conseguir deve mantê-lo”.http://www.libertarianismo.org/index.php/biblioteca/234-rose-wilder-lane/1074-quero-liberdade