Participei do seminário Safety-Critical Systems - Pragmatic solutions for today's safety critical systems development, em São José dos Campos, realizado pelas empresas Konatus, LDRA e Atego.
O tema do dia era MBSE - Model Based System Engineering. A maior parte das palestras foi dada pelo pessoal da Atego, fabricante da ferramenta de modelagem Artisan Studio. Andrea Sanchez, gerente de canais, falou na abertura e no fechamento do dia. Fabrizio Pugnetti, gerente de produtos, fez quatro apresentações técnicas sobre aspectos do Artisan Studio.
A palestra do Dr. Marcelo Lopes de Oliveira e Souza, professor do INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, foi sobre desenvolvimento de requisitos. Ele destacou diversos desafios que as empresas de tecnologia enfrentam no cenário atual. Um dos maiores é a falta de mão-de-obra capacitada para utilizar as tecnologias que surgem quase que diariamente. Até a China, com sua população gigantesca, está sofrendo com falta de pessoal especializado em muitas áreas. O Brasil não tem cultura de engenharia de sistemas. É difícil justificar, dentro de uma empresa, os custos que sua aplicação envolve. Pior que isso, as empresas brasileiras não costumam ter dados confiáveis sobre os projetos que desenvolvem. Ao aplicar metodologias em cima de dados incompletos, imprecisos ou simplesmente errados, os resultados podem ser opostos aos desejados.
Wagner Schalch, arquiteto de sistemas da Alstom Transport, descreveu a experiência de implantação do MBSE na empresa em nível mundial. O processo começou em 2009. A empresa decidiu propor a todas as suas unidades que a modelagem enfocasse as visões Operacional, Funcional e Construcional e que se padronizasse a utilização da linguagem de modelagem de sistemas SysML e da ferramenta Artisan Studio. Isso necessariamente é um processo gradativo. Depois de 5 anos, 75% das unidades adotaram as três visões propostas. 61% utilizam SysML e 54% o Artisan Studio. Os requisitos ainda são gerenciados em uma ferramenta à parte. O uso intensivo da modelagem SysML está sendo aprovado pelos seus clientes. Em alguns casos, na Europa, já houve editais que pedem que as propostas sejam apresentadas nesse formato.
Fernando da Silva, da PTC, apresentou o portfólio de produtos da empresa. A PTC adquiriu recentemente a Atego. As ferramentas das duas empresas já tinham um bom nível de integração, mas essa integração deve se tornar muito mais completa em breve. A atividade original da PTC era CAD mecânico. Depois que comprou a MKS, em 2009, entrou na área de PLM - Product Lifecycle Management. Com a aquisição da Atego, a PTC passa a atuar em ALM - Application Lifecycle Management e SLM - Systems Lifecycle Management.
Salvador Ronconi, da Konatus, expôs algumas das questões envolvidas na certificação de um dispositivo aviônico com base em testes feitos com um modelo. Em muitos casos, não é possível testar completamente o dispositivo em condições reais e parte da certificação é feita com base em simulações. Salvador explicou que não é possível provar que essas simulações são 100% confiáveis. A partir de certo ponto, a aprovação tem de se basear em julgamentos subjetivos.
Andrea Sanchez fez considerações sobre a adoção do MBSE em uma empresa. Disse que a ordem natural das coisas é focar primeiro nas pessoas, depois nos processos e, por último, nas ferramentas que auxiliarão a implantar esses processos. Ela apresentou uma lista muito curiosa das piores práticas na implantação do MBSE. Dentre essas, a pior de todas seria começar pela compra de uma ferramenta.
O seminário foi muito proveitoso para se tomar contato com as técnicas mais avançadas para o desenvolvimento de sistemas que envolvem hardware e software.
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