O “Compasso de Schwencke” |
Assim como muita gente, sou fascinado pelo Prelúdio nº 1 em Dó Maior. Por causa da estrutura fixa dos compassos, não é tão difícil de aprender. Sou um aluno medíocre de teclado e estou tentando tocá-lo sem errar muito. Peguei a partitura na Internet e alguns vídeos no YouTube, como este.
Para minha surpresa, entre os compassos 22 e 23, a pianista toca um compasso que não está na partitura. Algumas pessoas reclamaram desse compasso extra nos comentários e a pianista respondeu que essa era a versão mais aceita da peça. Pesquisei um pouco e descobri que esse é o “Compasso de Schwencke”.
Christian Friedrich Gottlieb Schwencke |
É claro que prefiro o Prelúdio original, como foi escrito por Bach. A passagem do compasso 22 ao 23 é de fato abrupta e audaciosa. E o compasso extra quebra essa tensão, que é talvez o momento mais bonito da obra. Mas existe quem prefira a versão suavizada. O Prelúdio possui 35 compassos, que podem ser divididos em 9 grupos, 8 com 4 e esse trecho do 21 ao 23 com 3. Talvez isso incomode músicos com TOC.
É curioso que alguém tenha achado que poderia corrigir, melhorar o trabalho de um gênio da grandeza de Bach. E que o tenha feito de maneira sub-reptícia, anônima, levando muita gente boa a acreditar que a obra alterada era o que o Bach pretendia. Fico pensando que Schwencke passou à imortalidade de uma maneira muito peculiar. Se não fosse pelo compasso, ele talvez estivesse esquecido. Mas é lembrado por um ato infamante, do qual nem temos certeza de quem foi o autor.
Prelúdio nº 1 em Dó Maior,
tocado em um cravo flamengo, por Martha Goldstein. |
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ResponderExcluirOlá, Marcelo. Muito bacana seu blog e esta postagem. Parabéns!!! Adorei!!!! De fato, o Prelúdio de Bach ganhou um compasso extra e só é possível executá-lo juntamente com a melodia de Gounod com esse compasso a mais. Lembro-me de quando estudei o prelúdio, resolvi cantar a Ave Maria e obviamente senti falta do compasso para encaixar a melodia. Foi assim que descobri que deveria haver outro. Achei bem divertida a descoberta e , na época, sem fontes para pesquisar , precisei tirar de ouvido. Concordo com você que a partitura original de Bach é ousada e audaciosa, no que diz respeito a essa passagem. Contudo, cantar a Ave Maria ao som do piano é uma oração que vale a invasão de qualquer compasso. Abraços
ResponderExcluirObrigado, Karina, pelo interesse e pelas palavras gentis. Não tenho tido tempo de me dedicar mais ao blog. Fico feliz por você ter gostado.
ExcluirConcordo com você sobre a Ave Maria de Gounod.
Abraços.