domingo, 29 de novembro de 2015

Direita e esquerda

Este post de Caco Tirapani expressa exatamente o que penso sobre os termos “direita” e “esquerda”. Não acredito que exista um “espectro político”. O que se chama de “extrema direita” são exatamente os piores inimigos possíveis do que se chama de “direita liberal” e de “direita conservadora”.

As bases teóricas da esquerda — Rousseau, Kant, Marx — são um conjunto de falácias, de raciocínios errados e facilmente refutáveis. Uma vez excluídos esses erros, não sobra nada do pensamento de esquerda. Mas o que sobra é heterogêneo demais para ser colocado em uma única categoria.






O problema dos intelectuais é que estão todos, mais ou menos, imersos numa metanarrativa de esquerda. Ainda que eles próprios não sejam de esquerda, eles veem o mundo sob as grossas lentes do imaginário de esquerda. Isso ocorre porque a esquerda tem a primazia da narrativa política, porque ela se desenvolveu historicamente como um movimento internacional. O socialismo e seu imaginário vão, aos poucos, substituindo a metanarrativa cristã, e estabelecendo uma nova ordem, um novo céu e uma nova terra. Nesse processo, serão transformadas as coisas e as palavras sobre as coisas.
A esquerda, desde a revolução francesa até Marx, já era um grupo com uma certa identidade revolucionária transmitida no tempo e no espaço. Existe certa continuidade intelectual e identitária entre cada geração revolucionária, prova disso é que Lênin dizia que Marx tinha em Robespierre uma de suas principais influências. A unificação da esquerda ao redor das ideias de Marx a partir de 1848, e principalmente depois de 1917, forneceu a ela a primazia da narrativa da história. Essa primazia e continuidade permitiu à esquerda estabelecer os termos do discurso político, a esquerda conquistou o poder de nomear (e renomear) as coisas, e narrar a história.
Uma prova disso é que a esquerda nomeia todos os seus adversários, por mais diferentes que o sejam, pelo mesmo nome infame: "a direita". Desde monarquistas católicos, ao regime nazista, passando por teocracias islâmicas, keynesianos reformistas, liberais anglo-saxões, e a classe-média paulista, tudo é "de direita". Esta afirmação persiste devido a essa primazia da esquerda como tutora do pensamento. Aceitar essa identidade imaginária é estar sob a curadoria intelectual da esquerda. É narrar a história sob uma perspectiva teórica de esquerda - ainda que a sua perspectiva política pessoal não a seja.
E é aí que entraria o papel do historiador crítico ao compreender e afirmar que a noção de "direita" constitui uma diversidade de quaisquer coisas que não sejam de esquerda. Ou seja, não é exatamente uma coisa definida, mas é um conjunto universo discriminado por exclusão, ou pela diferença do conjunto "esquerda". Não estamos falando de um movimento político, estamos falando de uma imensa confusão de coisas. Essa confusão não deriva dos diversos acidentes de uma mesma substância, mas de uma confluência de acidentes de várias substâncias diferentes - as várias "direitas". Essa confusão é útil a quem a estabeleceu, porque impede o homem comum de compreender a política fora da curadoria intelectual da metanarrativa de esquerda.



Caco Tirapani é professor de História.
No Facebook: https://www.facebook.com/cacotirapani
Post original: https://www.facebook.com/cacotirapani/posts/908315772579139

sábado, 28 de novembro de 2015

80 anos da Intentona Comunista



Completaram-se nesta semana 80 anos da Intentona Comunista. Em 23 de novembro de 1935, militares comunistas se rebelaram em Natal, onde estabeleceram um governo provisório. Houve levantes em Recife, no dia 24, e no Rio de Janeiro, no dia 27. Os revoltosos foram derrotados rapidamente, não sem antes fazerem muitas vítimas entre os militares legalistas.

Este texto do Coronel Reformado do Exército Brasileiro Marco Balbi é um testemunho pungente da cerimônia realizada no Rio de Janeiro para lembrar dos mortos pela violência política dos que queriam transformar o Brasil em uma ditadura comunista.

Mais fotos da celebração podem ser vistas aqui.

80 ANOS SE PASSARAM! E ELES NÃO SE DESCULPARAM!
Não há como participar da solenidade em que se homenageiam os mortos na Intentona Comunista de 1935 e não se emocionar. Ao ouvir a chamada nominal dos militares cujos restos mortais encontram-se depositados no mausoléu erigido especialmente com esta finalidade e responder PRESENTE, em uníssono com todos, assistência e tropa, após a anunciação dos nomes, o toque de silêncio pungente do clarim e a salva de honra fazem a alma do cidadão, antes mesmo da alma do soldado, sofrer um frêmito. Não importa quantas vezes você tenha assistido, na ativa ou na reserva, esta será a sensação.
Lembremo-nos que cerimônias semelhantes ocorrem nas cidades de Natal e do Recife onde muitos tombaram, civis e militares, sem que até hoje a história tenha precisado o número. E o Rio de Janeiro, então Capital Federal, onde pretendiam obter pleno êxito. Foi a primeira tentativa de tomada do poder. Não alcançaram sucesso, mesmo agindo traiçoeiramente, assassinando companheiros dormindo, mercê da reação da tropa e da absoluta falta de apoio da sociedade.
Os comunistas tentariam novamente, sendo rechaçados mais uma vez pela reação democrática de março de 1964. Os comunistas retornariam com ações armadas, desencadeando uma guerra interna no período 1968/1974. Os agentes do Estado reagiram e contando com o apoio da sociedade os derrotaram, militarmente. Os comunistas, anistiados, retornaram as suas atividades e reescreveram a história. Mas, como ontem, continuam sendo repudiados pela maioria da sociedade brasileira.
A alocução que principiou a cerimônia frisou esta mensagem, valendo-se do exemplo da história, como ensinamento para as atuais e futuras gerações: o Brasil e os brasileiros não aceitam ideologias estrangeiras espúrias, cujos princípios não se coadunam com os da imensa maioria do povo brasileiro, onde as Forças Armadas selecionam os seus quadros funcionais.
80 anos se passaram! Muitos partidos políticos com ideologia exógena nos seus postulados participam da vida nacional. Quase todos têm a sua origem nas primeiras agremiações comunistas, as mesmas que causaram as mortes que ainda hoje se pranteia. Nunca se desculparam!
As Forças Armadas, ativa e reserva, homenagearam hoje os seus membros que morreram pela Pátria. Poucas profissões no mundo obrigam este supremo sacrifício aos que nelas se engajam. Jovens soldados, experientes chefes militares, em expressivo número, cumpriram com o seu dever cívico nesta ensolarada manhã. Não os esqueceremos, jamais!

Marco Antonio Esteves Balbi – Coronel Reformado EB



domingo, 1 de novembro de 2015

Haddad e Suplicy na Livraria Cultura



O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, esteve no último 24 de outubro no Teatro Eva Herz, na Livraria Cultura, para uma sabatina da Rádio CBN. O evento foi apresentado por Fabíola Cidral, com participação de Renata Lo Prete, Fernando Abrucio e Leão Serva.

Vou comentar o debate, mas a parte mais importante aconteceu fora do auditório. O Movimento Brasil Melhor estava lá aguardando a saída do prefeito, com bonecos do Pixuleko, faixas e cartazes. A pequena manifestação cresceu rapidamente, com a adesão de muitos clientes da livraria.

Quando o ex-senador Eduardo Suplicy saiu, foi para o lado contrário de onde estavam os manifestantes e começou a dar alguns autógrafos. Foi vaiado e chamado de “Suplicy, vergonha nacional”, título bastante adequado e suave, na opinião deste escriba. Enfurecido e parecendo estar fora de si, o Secretário Municipal de Direitos Humanos e Cidadania investiu contra os que protestavam, cobrando satisfações e demonstrando seu particular entendimento do que são direitos humanos e cidadania. Outro secretário presente e vaiado foi Jilmar Tatto, dos Transportes.

Exatamente quando o prefeito saiu, cercado de incontáveis seguranças, um de seus apoiadores deu um empurrão em Celene Carvalho, do Movimento Brasil Melhor, provocando uma discussão e dando chance de Haddad se evadir mais facilmente.

O protesto foi gravado pelo Estúdio Fluxo, de Bruno Torturra, ex-Mídia NINJA (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação), que se tornou tristemente famoso pela cobertura das manifestações de 2013. Mesmo editado por adversários, o vídeo é ótimo e mostra claramente o que aconteceu.


Um cliente da livraria gravou e editou este pequeno vídeo sobre o empurrão.


Conversei com Celene Carvalho. Quis saber sobre a informação de que ela é filiada ao PSOL e foi candidata à prefeitura de São Lourenço-MG pelo partido. Segundo ela, por causa de uma grave crise política na cidade, ela decidiu se candidatar à prefeitura e não conseguiria fazer isso em nenhum partido que já existisse em São Lourenço. A única alternativa era o PSOL. Foi à casa de Plínio de Arruda Sampaio. Disse a ele que tinha total discordância das idéias do partido, mas precisava da legenda para se candidatar e lutar contra uma situação de descalabro. Ela diz que Plínio entendeu e concordou. Na eleição, Celene teve menos de 2% dos votos. Depois, não conseguiu se desfiliar do PSOL. Agora, segundo Jean Wyllys, será expulsa. Ser atacado pelo nobre deputado bebebista é um fato que enriquece a biografia de qualquer pessoa.



Agora, algumas observações sobre a sabatina, que acompanhei do início ao fim, com grande estoicismo.

Metade da platéia estava ocupada pelos convidados do prefeito. Muitas pessoas também se mobilizaram para assistir, algumas representando entidades.

A maior parte do público não era exatamente simpática ao prefeito. Logo no início do programa, quando Fabíola Cidral disse que, em alguns órgãos de imprensa estrangeiros, Haddad é chamado de visionário, as pessoas reagiram imediatamente.

O prefeito abusou da arrogância e provocou o público em diversas ocasiões. Quando se referiu ao Secretário de Educação Gabriel Chalita, disse que ele não era criticado antes quando era do PSDB, causando uma veemente resposta contrária do público. Em determinado momento, quando uma pessoa o chamou de autoritário, o prefeito disse que autoritário é quem é contra o fechamento da Avenida Paulista aos carros, que em sua novilíngua é chamada de “abertura”. Ou seja, autoritário é quem não pensa como ele. Achei notável sua declaração explícita e repetida, referindo-se ao Uber, de que ele é contra o livre mercado, que o livre mercado não funciona para o transporte.

Um cidadão humilde fez uma pergunta sobre a falta de linhas de ônibus em seu bairro. Dizia governo “estatal” querendo dizer “estadual”. Haddad o corrigiu! Tentou aproveitar o gancho da referência ao Estado para fugir da pergunta, dizendo que sempre era cobrado por problemas que não são do Município. Fugir das perguntas foi uma constante ao longo do programa, de uma forma que irritou os entrevistadores e o público.

Outro homem simples, representando as empresas de recolhimento de entulho, chegou a chorar ao perguntar sobre a possibilidade de adiamento de uma regulamentação do setor, que entrará em vigor neste dia 2 e que ameaça fechar quase todas essas empresas. Mais uma vez, Haddad enrolou e não disse nada.

Contrastando com essas pessoas, ouvem-se dois membros da esquerda caviar bajulando a administração. Só por aí fica muito claro de que lado está a “elite” (entre aspas, porque elite é outra coisa, elite é o que há de melhor) e de que lado está o povo.

Não ouçam o programa se não quiserem. Não vão perder grande coisa.



E vaiem os petistas e “ex-petistas”, especialmente em eventos públicos. Vaiem com vontade, dêem-lhes as costas, não os deixem falar. O tempo de ouvir ou conversar já acabou. É hora de tirar o PT e suas metástases (Rede, PSOL, PC do B etc) da vida nacional.