domingo, 1 de novembro de 2015

Haddad e Suplicy na Livraria Cultura



O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, esteve no último 24 de outubro no Teatro Eva Herz, na Livraria Cultura, para uma sabatina da Rádio CBN. O evento foi apresentado por Fabíola Cidral, com participação de Renata Lo Prete, Fernando Abrucio e Leão Serva.

Vou comentar o debate, mas a parte mais importante aconteceu fora do auditório. O Movimento Brasil Melhor estava lá aguardando a saída do prefeito, com bonecos do Pixuleko, faixas e cartazes. A pequena manifestação cresceu rapidamente, com a adesão de muitos clientes da livraria.

Quando o ex-senador Eduardo Suplicy saiu, foi para o lado contrário de onde estavam os manifestantes e começou a dar alguns autógrafos. Foi vaiado e chamado de “Suplicy, vergonha nacional”, título bastante adequado e suave, na opinião deste escriba. Enfurecido e parecendo estar fora de si, o Secretário Municipal de Direitos Humanos e Cidadania investiu contra os que protestavam, cobrando satisfações e demonstrando seu particular entendimento do que são direitos humanos e cidadania. Outro secretário presente e vaiado foi Jilmar Tatto, dos Transportes.

Exatamente quando o prefeito saiu, cercado de incontáveis seguranças, um de seus apoiadores deu um empurrão em Celene Carvalho, do Movimento Brasil Melhor, provocando uma discussão e dando chance de Haddad se evadir mais facilmente.

O protesto foi gravado pelo Estúdio Fluxo, de Bruno Torturra, ex-Mídia NINJA (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação), que se tornou tristemente famoso pela cobertura das manifestações de 2013. Mesmo editado por adversários, o vídeo é ótimo e mostra claramente o que aconteceu.


Um cliente da livraria gravou e editou este pequeno vídeo sobre o empurrão.


Conversei com Celene Carvalho. Quis saber sobre a informação de que ela é filiada ao PSOL e foi candidata à prefeitura de São Lourenço-MG pelo partido. Segundo ela, por causa de uma grave crise política na cidade, ela decidiu se candidatar à prefeitura e não conseguiria fazer isso em nenhum partido que já existisse em São Lourenço. A única alternativa era o PSOL. Foi à casa de Plínio de Arruda Sampaio. Disse a ele que tinha total discordância das idéias do partido, mas precisava da legenda para se candidatar e lutar contra uma situação de descalabro. Ela diz que Plínio entendeu e concordou. Na eleição, Celene teve menos de 2% dos votos. Depois, não conseguiu se desfiliar do PSOL. Agora, segundo Jean Wyllys, será expulsa. Ser atacado pelo nobre deputado bebebista é um fato que enriquece a biografia de qualquer pessoa.



Agora, algumas observações sobre a sabatina, que acompanhei do início ao fim, com grande estoicismo.

Metade da platéia estava ocupada pelos convidados do prefeito. Muitas pessoas também se mobilizaram para assistir, algumas representando entidades.

A maior parte do público não era exatamente simpática ao prefeito. Logo no início do programa, quando Fabíola Cidral disse que, em alguns órgãos de imprensa estrangeiros, Haddad é chamado de visionário, as pessoas reagiram imediatamente.

O prefeito abusou da arrogância e provocou o público em diversas ocasiões. Quando se referiu ao Secretário de Educação Gabriel Chalita, disse que ele não era criticado antes quando era do PSDB, causando uma veemente resposta contrária do público. Em determinado momento, quando uma pessoa o chamou de autoritário, o prefeito disse que autoritário é quem é contra o fechamento da Avenida Paulista aos carros, que em sua novilíngua é chamada de “abertura”. Ou seja, autoritário é quem não pensa como ele. Achei notável sua declaração explícita e repetida, referindo-se ao Uber, de que ele é contra o livre mercado, que o livre mercado não funciona para o transporte.

Um cidadão humilde fez uma pergunta sobre a falta de linhas de ônibus em seu bairro. Dizia governo “estatal” querendo dizer “estadual”. Haddad o corrigiu! Tentou aproveitar o gancho da referência ao Estado para fugir da pergunta, dizendo que sempre era cobrado por problemas que não são do Município. Fugir das perguntas foi uma constante ao longo do programa, de uma forma que irritou os entrevistadores e o público.

Outro homem simples, representando as empresas de recolhimento de entulho, chegou a chorar ao perguntar sobre a possibilidade de adiamento de uma regulamentação do setor, que entrará em vigor neste dia 2 e que ameaça fechar quase todas essas empresas. Mais uma vez, Haddad enrolou e não disse nada.

Contrastando com essas pessoas, ouvem-se dois membros da esquerda caviar bajulando a administração. Só por aí fica muito claro de que lado está a “elite” (entre aspas, porque elite é outra coisa, elite é o que há de melhor) e de que lado está o povo.

Não ouçam o programa se não quiserem. Não vão perder grande coisa.



E vaiem os petistas e “ex-petistas”, especialmente em eventos públicos. Vaiem com vontade, dêem-lhes as costas, não os deixem falar. O tempo de ouvir ou conversar já acabou. É hora de tirar o PT e suas metástases (Rede, PSOL, PC do B etc) da vida nacional. 

Um comentário:

  1. Marcelo, você pegou exatamente a vibração da sabatina, arrogância, prepotência e falta de respostas, não foi a toa que o tempo todo fomos vigiados, fotografados, filmados, ao ponto do empurrão ao qual revidei. Uma pena sermos poucos brasileiros preocupados com o pais. Adorei seu comentário sobre o deputado .....

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