domingo, 19 de agosto de 2012

A Soma e o Resto


Terminei de ler "A Soma e o Resto", depoimento de Fernando Henrique Cardoso ao jornalista Miguel Darcy de Oliveira, por ocasião dos 80 anos do ex-presidente.

Fiquei surpreso com as discordâncias que tenho com suas ideias.

Tenho grande admiração pela pessoa e pela trajetória de Fernando Henrique. Não conheço o suficiente os presidentes da República Velha. De Getúlio em diante, não tenho a menor dúvida de que ele foi o melhor presidente que tivemos. Ajudou tremendamente a consolidar nossa frágil democracia e teve iniciativas corajosas em diversas frentes, que fizeram o Brasil avançar muito. A estabilidade econômica e a privatização da telefonia sozinhas já seriam o suficiente para considerar seu governo uma revolução.

Dito isso, vamos às divergências. Fernando Henrique é um homem de esquerda. Acredita que os mercados precisam ser controlados. Acha que é função do Estado promover a igualdade. Lá pelas tantas, ele diz: "Toda a América Latina continua a ter uma espécie de preito de gratidão a Cuba como símbolo da resistência aos americanos, ao imperialismo. Cuba representa algo relevante para todos nós, mas isso pertence à história. O mundo mudou."

Penso que, se algum mercado precisa ser controlado, isso é um caso excepcional. Na maioria das situações, os consumidores e a concorrência controlam os mercados de maneira mais eficiente e efetiva que qualquer forma de ingerência governamental.

Acho que a igualdade não deve ser um objetivo nem do governo nem da sociedade. Deve haver igualdade de oportunidades e eliminação da miséria. Não me faz nenhuma diferença se o Bill Gates é 500.000 vezes mais rico que eu ou 500.000.000 de vezes. O que faz diferença é se consigo viver em condições dignas e se tenho oportunidades concretas de melhorar minha situação significativamente. E o capitalismo faz exatamente isso, ao contrário do que pensa a esquerda.

Cuba, para mim, é simplesmente uma tirania. Desde a revolução e até que essa ditadura caia. Falar em preito de gratidão ou resistência é um acinte.

De qualquer maneira, gostei muito do livro. Posso discordar de muito do que pensa Fernando Henrique, mas vejo grande honestidade intelectual no que ele diz, e acho que ele fez um grande trabalho colocando suas ideias em prática.

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