domingo, 6 de novembro de 2016

Resumo da primeira prova do ENEM 2016




Novamente, o médico e advogado Sergio Nunes faz um comentário sobre os temas da primeira prova do ENEM.

Publicado originalmente em https://www.facebook.com/sergio.nunes.545/posts/1598101113548721.

ANÁLISE DO ENEM 2016
Para manter a tradição, fiz mais uma vez a análise do Enem, especialmente da Prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias, na perspectiva político-ideológica. Em termos gerais a prova mantém seu viés anticapitalista, antimercado, ambientalista, antiglobalização, com menção a autores marxistas, e mantendo o grande problema de não abrir espaço para o contraditório, para autores de linhas opostas. 
No entanto, houve uma discreta queda na abordagem parcial, um leve aumento de questões neutras, e uma leve melhora nos citados da linha esquerdista; um tipo de maquiagem tênue.
Assuntos:
- Contra a democracia deliberativa, contra negociação e consenso, a favor de ativismo de minorias que não faz concessão
- A favor do expansionismo chinês, contra visão ocidental
- Defende a visão trabalhista do Estado Novo
- Critica tecnologia industrial como fonte de desigualdade
- Questões sobre ambientalismo
- Questão afirmando uma coerção econômica que tolhe a liberdade
- Crítica contra expansão da fronteira agrícola
- Questão afirmando que a força de trabalho é equiparada a mercadoria
- Crítica a visão eurocêntrica
- Questão sobre feminismo
- Questão sobre "função social da cidade", como crítica capitalista
- Fala corretamente contra as ditaduras sul-americanas, no entanto quando menciona perseguição de oposicionistas, não menciona terrorismo e guerrilha na contraparte que buscava outra ditadura
- Pontos de evolução: menciona em uma questão avanço técnico das telecomunicações, expõe graves sinais de simpatia ao nazismo e anti-sionismo no Brasil no período do Estado Novo.
Autores mencionados ou citados:
- Adorno e Horkheimer (ícones marxistas da escola de Frankfurt)
- Karl Polanyi conhecido por sua oposição ao pensamento econômico tradicional, na vertente heterodoxa
- Francisco de Oliveira, sociólogo cujas teses de seu livro famoso criticando a razão dualista, era baseada no marxismo e teses da Cepal
- Henrique Padrós integra(ou) conselho revista História & Luta de Classes, escreveu artigo sobre a esquerda tolerante do Uruguai (Frente Ampla)
- Dulce Pandolfi, ex-membro da ALN, diz sobre o discurso de Dilma no Senado: "Foi um discurso histórico, de uma estadista, que vai marcar a história desse país". Aparece ostensivamente em foto com Lula.
- Porto-Gonçalves que tem foco em pesquisas de conflitos agrários, movimentos sociais, causas indígenas, crítico do neoliberalismo
- Rogério Haesbart, que aparentemente não se julga parte da geografia crítica, mas critica lógica capitalista, tem posições com base em autores como Marx, Gramsci, Harvey, Foucault
- Rachel Soihet, fala sobre feminismo e violência de gênero
- Marta Abreu, fala sobre "pós escravidão"
Autores de abrangência geral/universal ou então mais neutros (com aumento em relação a prova de 2015):
- Schopenhauer, Políbio, Descartes, Heráclito, Parmênides, Shakespeare, Nietzsche, Durkheim, Hans Jonas.
Em síntese, mantém-se uma visão particular estreita, sem abrir espaço ao contraditório, sem desenvolvimento de visões diferentes, no entanto com leve amenização; deixando desta forma a prova de 2015 ainda mais catastrófica.
Minha breve análise de 2015: https://www.facebook.com/sergio.nunes.545/posts/1255497897809046.

Sergio Nunes, 40, é formado em Direito pela USP e em Medicina pela Santa Casa de São Paulo e Mestre em Direito Econômico. Atualmente, é professor da Academia de Polícia de São Paulo e palestrante eventual da Escola Superior de Guerra.

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