domingo, 22 de março de 2015

Lançamento de Contra a Maré Vermelha

Na esteira das manifestações de 15 de março, tivemos em São Paulo, no dia 18, o evento de lançamento do livro Contra a Maré Vermelha, de Rodrigo Constantino. Antes dos autógrafos, houve um bate-papo com os leitores.

Cheguei cedo, assim como muitas outras pessoas. Enquanto esperávamos, conversávamos sobre as notícias do dia: a demissão de Cid Gomes, as denúncias da Operação Lava-Jato cada vez mais próximas de Lula e Dilma, a iniciativa de Olavo de Carvalho de convidar cada cidadão brasileiro a apresentar petições à Justiça solicitando o impeachment da presidente e a cassação do registro do PT. Não poderia ser diferente. As pessoas estão muito mobilizadas com a grave situação do Brasil.

Rodrigo Constantino chegou um pouco antes do horário. Foi vivamente aplaudido. Esperou alguns minutos e começou o evento precisamente no horário marcado. O bate-papo foi gravado e está disponível aqui.

O livro é uma coletânea de 80 textos publicados em sua coluna no jornal O Globo, para comemorar seus cinco anos de colunista. Ele procurou escolher textos mais atemporais, que continuarão atuais independentemente do que acontece no dia-a-dia. 

Rodrigo disse que é possível e desejável debater com a “esquerda que pensa”, com aquela parcela de pessoas de centro-esquerda que aceitam as regras da democracia e podem contribuir com suas opiniões e questionamentos. Isso ajuda, segundo ele, a isolar ou afastar aqueles que pregam a violência, a ditadura, o totalitarismo.

Foi aberto o debate e fiz esta pergunta:

— Rodrigo, você concorda que a esquerda só existe porque existiu um sujeito chamado Rousseau e outro chamado Marx, que falaram uma monte de abobrinhas e escreveram um monte de falácias, de non sequiturs, de coisas que não correspondem absolutamente à realidade? E que, se tudo isso for refutado, não sobra nada da esquerda? Então a gente estaria discutindo as virtudes do federalismo contra uma maior centralização do Estado, estaria discutindo entre libertários e conservadores, coisas que têm sentido.

Ele concordou dizendo que, em vez de discutirmos se a Terra é redonda ou quadrada, estaríamos discutindo as nuances de a Terra ser redonda. Lembrou que Lula já defendeu que haveria vantagens se a Terra fosse quadrada. Eu acrescentaria que poderíamos ir além. Aproveitando que sabemos que a Terra é redonda, que tal construir um sistema de GPS? Rodrigo enfatizou que é pragmático trazer uma parcela da esquerda para o nosso lado do debate, para a defesa da democracia.

Bene Barbosa, do Movimento Viva Brasil, entrou no auditório e também foi muito aplaudido.

Foi feita uma pergunta sobre a Polícia, sobre como defendê-la de iniciativas que a desmoralizam. Rodrigo respondeu que quem demoniza a polícia é a esquerda radical, o PSOL, por exemplo. A segurança pública é, no entender dos liberais, a função primordial do Estado. Sendo assim, a polícia precisa ser defendida e valorizada.

Perguntaram sobre políticos que eram oposição ao PT e acabaram aderindo, como Gilberto Kassab. Isso seria um problema ideológico ou moral? Rodrigo respondeu que, em primeiro lugar, existe uma esquerda moderada que propõe as mesmas coisas que o PT (cotas, por exemplo) e que foi aderindo, já que o PSDB adotou uma postura covarde, pusilânime. Sobre supostos liberais que aderiram, como Kassab e Guilherme Afif Domingos, nunca foram de fato liberais. Pragmatismo em excesso é prostituição. Esse processo acaba criando uma direita mais consistente, depurada desses falsos apoiadores.

Quem são nossos líderes de oposição? Rodrigo responde: “Não sei. Um dos artigos do livro é justamente Procura-se líder de oposição. No Brasil, defender o bom senso é uma postura radical.” Elogiou Ronaldo Caiado. É difícil se assumir como direita no Brasil, pois se é instantaneamente acusado de apoiador do regime militar e de nazista. Se alguém ler os 25 pontos do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, encontrará uns 20 que o PT subscreveria.

A população começou a mudar de postura? Dizer que não concorda com cotas e que quer meritocracia? Essa discussão tomou corpo na sociedade? Sim, diz Rodrigo, e a Internet ajudou muito a colocar essas questões. Reinaldo Azevedo foi um pioneiro. Hoje, muitos DCEs, que sempre foram redutos comunistas, tem sido tomados por liberais. Começamos a fazer a luta cultural, que é a mais importante de todas. Precisamos quebrar o “monopólio da virtude” da esquerda. Esquerda Caviar foi muito importante nesse sentido. Não podemos aceitar os termos que a esquerda usa para desvirtuar o debate.

Como a esquerda é, há muito tempo, o mainstream intelectual, quem é mainstream fica mais preguiçoso. Por outro lado, quem é dissidente sempre precisa estudar mais, para poder confrontar o mainstream com mais argumentos. Isso fez com que a direita se preparasse melhor. — Não consigo mais debater com um esquerdista, porque vão colocar o Vladimir Safatle na minha frente e eu vou pedir licença, chamar minha filha de 13 anos e ela vai asfaltá-lo em todos os argumentos.

Na hora dos autógrafos, Rodrigo fez questão de tirar fotos especiais com Leandro Narloch, Bene Barbosa e Gil Diniz.

Em breve, escreverei uma resenha sobre o livro, que é muito bom.


Bene Barbosa Leandro Narloch

Gil Diniz

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