Um amigo publicou este texto de Cláudio Couto no Facebook e resolvi comentá-lo. Ele toca em diversas questões que considero importantes para entendermos a política no Brasil atualmente. Vamos lá, Cláudio Couto em vermelho e eu em azul.
Recebi de uma amiga querida um questionamento sobre minhas posições políticas recentes. Ao responder-lhe, notei que talvez tenha tido a oportunidade de explicitar alguns pontos que gostaria de tornar públicos. Assim, reproduzo aqui, sem revisar e sem lhe nominar, o que escrevi a essa querida amiga.
Minha cara,
Eu não me considero petista, mas de esquerda.
Sendo petista ou não, a opinião que ele expressa é exatamente aquela que interessa ao PT que seja divulgada.
Acho que o PT cometeu erros sérios e os que erraram devem pagar com isto. Contudo, não aceito essa generalização que tem sido feita, como se todo petista fosse um criminoso, somente por ser petista. Como se bastasse o partido ganhar um governo para a corrupção se alastrar. E, como se não bastasse isto, como se os que lhe detratam fossem os baluartes da pureza e da honestidade. Pior ainda, quando sabemos que esses outros cometeram exatamente os mesmos erros que o PT cometeu.
Existem duas diferenças fundamentais entre os crimes cometidos pelos petistas e os crimes cometidos por políticos de outras legendas. A primeira é que, no PT, existe o chamado centralismo democrático. Todas as decisões importantes são tomadas pela cúpula do partido. O “mensalão” é um crime cometido pelo partido como instituição, não por seus membros à revelia. A segunda é que a compra de votos de deputados, ou a compra de apoio de partidos inteiros, é um crime contra a democracia. Como disse o presidente do STF, é uma tentativa de golpe. Seu efeito é tornar o Congresso irrelevante, as eleições irrelevantes. Espero que Eduardo Azeredo seja julgado e condenado, mas a única coisa em comum entre seu caso e o dos petistas é que ambos simularam empréstimos com ajuda de Marcos Valério.
O que não aceito é essa tentativa maniqueísta de tornar o PT algo equivalente a um câncer da política nacional e da república, o mal a ser evitado, sendo que a alternativa a esse mal seria o PSDB, repositório do que existiria de valores republicanos no país.
O PT é exatamente um câncer da política nacional e da república, um mal a ser evitado, como já foi no passado a ARENA. O PT vem trabalhando contra a democracia desde antes de ela se consolidar no Brasil. O PT expulsou três deputados que votaram em Tancredo Neves em 1985. O PT recusou-se a subscrever a Constituição de 1988. O PT foi contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, o Proer e o Plano Real. O PT, uma vez no poder, tentou criar um Congresso paralelo (alguém se lembra do Conselhão?), tenta reiteradamente encabrestar a imprensa e tentou comprar o Congresso. Isso não significa que os adversários do PT sejam perfeitos. Existe corrupção em todos os partidos e ela deve ser combatida. Aquela clássica roubalheira comum, em que um político procura beneficiar a si mesmo. Qualquer corrupção é nefasta, mas a corrupção da democracia é mais grave que as outras.
A coisa fica pior quando quem vocaliza essa posição é um político como José Serra. Um político que nada mais fez nos últimos 12 anos de sua vida que não manobrar politicamente para se tornar presidente da República. Até aí, nada de mais. O problema é que, para fazer isto, colocou as instituições em que atuou a seu serviço.
Fez isto com seu partido, que servilmente se curvou a ele; fez isto na prefeitura, voltou a fazer no Estado e voltou a fazer com seu partido.
Parece que é crime disputar a presidência da República. Até hoje não entendo como o PSDB não tentou viabilizar qualquer outro candidato a prefeito em 2004. Por que queimar o candidato mais preparado à presidência ou ao governo do Estado para eleger o prefeito de São Paulo. José Serra poderia ter se guardado para uma eleição mais importante, mas curvou-se ao partido e submeteu-se a essa candidatura. Enquanto, segundo Cláudio Couto, Serra nada mais fazia a não ser manobrar politicamente, ele saneou as finanças da prefeitura. Alguém se lembra da fila de credores na prefeitura, em janeiro de 2005? Enquanto “manobrava politicamente”, foi construído um longo trecho do Rodoanel, foi duplicada a Marginal Tietê, foram feitas diversas estações de Metrô, escolas, hospitais, presídios. A Nossa Caixa foi vendida ao Banco do Brasil e o dinheiro resultante foi investido no Estado de São Paulo. Isso deve ser colocar as instituições em que Serra atuou a seu serviço.
Não bastasse, abriu a caixa de pandora da religião na política, disseminando todo tipo de preconceito e hipocrisia. Apresenta-se como um homem que defende valores, mas mente descaradamente. Apresenta-se como o defensor da democracia, mas telefona nas redações dos órgãos de imprensa pedindo a cabeça de jornalistas que lhe tenham feito perguntas incômodas, ou escrito algo que lhe desagradou.
Religião é um tema legítimo de debate. Os religiosos têm o mesmo direito à liberdade de expressão dos agnósticos. Gostaria que fosse verdade que Serra tivesse abordado temas religiosos em 2010. Infelizmente, não é. Pessoas religiosas que votariam em Serra tentaram levantar esses temas. E foram perseguidas por isso. Gostaria de saber quais são os casos em que Serra mentiu descaradamente ou qual o nome de pelo menos um jornalista que tenha sido perseguido por ele.
Nesse cenário maniqueísta que se montou, para piorar, Serra e, neste caso, o PSDB, têm implantado políticas anti-pobre. O higienismo na cidade de São Paulo e do governo do Estado têm esse condão: o tratamento dispensado à cracolândia, a truculência do Pinheirinho, a política de segurança homicida ("quem não reagiu sobreviveu"), a omissão nos incêndios em favelas, as obras malufistas das marginais etc.
A truculência do Pinheirinho foi 100% feita pelo PSTU, que manipulava os moradores. Não há nenhum caso verdadeiro de violência por parte da polícia nessa operação. Quem é anti-pobre é o crack, não a tentativa de combatê-lo. As taxas de homicídios em São Paulo caem sistematicamente há 16 anos. A polícia de São Paulo mata muito menos que a do Rio de Janeiro ou da maioria dos outros estados. A quantidade de incêndios em favelas atualmente é muito, muito menor que na administração Marta Suplicy. A Favela do Moinho só não foi removida antes deste último incêndio porque os petistas não permitiram. Hoje, são licenciados 800 carros por dia na cidade. Pessoas de menor poder aquisitivo estão adquirindo automóveis. Se não forem feitas obras viárias, a cidade não comporta esse aumento de frota. Moro num extremo da cidade e trabalho no outro. Atravesso a Marginal Tietê inteira todos os dias. O trânsito hoje é muito, muito melhor que o que existia em 2009. E é melhor que o que existia em 2002 também.
Diante disto, prefiro mesmo os governos do PT. Considero um imenso avanço as políticas sociais do governo federal nos últimos anos, a política de educação que o Haddad implementou quando ministro da Educação, o Bolsa Família, a redução da desigualdade de renda e a ascensão econômica de uma imensa parcela da população - que, a meu ver, é erradamente chamada de "classe média".
A política de educação que o Haddad implementou pode ser vista no desastre que é o Enem. Qual a diferença entre os programas de transferência de renda do PT e do PSDB, exceto o nome? Parte da ascensão econômica dessa população ainda é efeito do Plano Real, que o PT teve a grande virtude de não destruir.
Ou seja, como o PT e seus governos são muito mais do que apenas mensalão, eu, mesmo sem me considerar petista, prefiro essa alternativa na eleição. É só isto.
E, como consequência, vejo-me na obrigação de apontar o dedo e combater uma tentativa hipócrita e autoritária de transformar esse partido e seus membros numa cambada de bandidos. Não só porque há muita gente correta no PT (assim como em outros partidos, e no PSDB em particular), mas porque ao se fazer isto, joga-se por terra a necessidade de diferenciarem-se as políticas e suas consequências para o país, em particular para os mais pobres.
E, como consequência, vejo-me na obrigação de apontar o dedo e combater uma tentativa hipócrita e autoritária de transformar esse partido e seus membros numa cambada de bandidos. Não só porque há muita gente correta no PT (assim como em outros partidos, e no PSDB em particular), mas porque ao se fazer isto, joga-se por terra a necessidade de diferenciarem-se as políticas e suas consequências para o país, em particular para os mais pobres.
O ponto é que as políticas são as mesmas. Qual política do PT é diferente da política anterior do PSDB? Nenhuma. As pessoas que tinham vergonha no PT saíram há muito tempo. Fernando Gabeira, Helio Bicudo, Cristovam Buarque, Soninha Francine não suportaram o ambiente. José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares, Paulo Paim, Tarso Genro, Ideli Salvatti, Eduardo Suplicy, Marta Suplicy estão lá firmes e fortes.
Noto que essa tentativa de desqualificação hipócrita (ingenuidade não se aplica aqui) é mais frequente entre as camadas médias escolarizadas e de rendas mais altas. Eu me incluo nesse segmento, convivo com ele e noto como procede. Na realidade, noto que simplesmente usa o pretexto do mensalão para fazer o que realmente quer fazer, sem ter de admiti-lo: derivar à direita e optar por políticas antipobre.
Contra as cotas, defende-se o "mérito", como se o "mérito" emergisse no vácuo, sem que importassem as diferenças sociais de oportunidade. Contra o Bolsa Família, defende-se o "trabalho", como se pobres não trabalhassem e, ainda assim, sem obter o mínimo para uma vida decente.
As cotas mereceriam um texto bem mais longo. Convivo com muita gente pobre. Moro em bairros pobres há mais de vinte anos. Existe muita gente pobre que dá imenso valor ao trabalho e à educação. Que quer que as leis sejam respeitadas. Que investe nos filhos. E progride na vida.
Infelizmente, a direita não tem representação política no Brasil. Aqui, é necessário dizer que, quando digo direita, não estou me referindo aos militares, muito menos ao fascismo. Pelo contrário. Tanto os militares no Brasil como os fascistas na Europa agigantaram o Estado, suprimiram a liberdade individual e rasgaram as leis. Direita significa diminuir o tamanho do Estado, defesa radical da liberdade individual, respeito às leis. Nada disso é “antipobre”. Se existisse um partido de direita no Brasil, ele defenderia acabar com o Bolsa Família e acabar com a COFINS, que é um dos impostos mais perversos com os mais pobres. Quem disse que, por causa do Bolsa Escola os pobres perdiam a vontade de trabalhar foi Lula.
Eu não me coloco entre aqueles que vêem no julgamento do mensalão uma conspiração das elites. Considero que o STF cumpre seu papel, a despeito do que possam ser certos excessos retóricos deste o daquele juiz. Não vejo isto como um grande problema, pois creio que faz parte do processo de amadurecimento institucional, que de resto vem acontecendo. Como outros, considero que o julgamento é um potencial avanço institucional, mas apenas terei certeza disto se o mesmo critério por parte do STF for seguido no julgamento do mensalão tucano, aquele de Minas Gerais. Afinal, parece-me que as leis devem valer igualmente para todos. Da mesma forma, espero que a vigilância dos órgãos de imprensa seja a mesma no próximo julgamento. Quanto às nossas classes médias escolarizadas de altas rendas, eu não tenho a ilusão de que ela se comportará diante do julgamento do mensalão tucano da mesma forma que vem se comportando em relação ao mensalão petista. E isto porque o que realmente sensibiliza a muitos e aproveitar a oportunidade de, justamente, condenar quem cometeu crimes para, injustamente, utilizar as condenações como forma de desqualificar posições políticas, políticas públicas e pessoas.
Espero que os crimes do PSDB de Minas sejam julgados e os responsáveis condenados. Isso não significa que sejam crimes iguais aos do PT.
Estas são as razões que me levam a tomar partido da forma como estou tomando nos últimos tempos. A razão, parece-me, é que é necessário desta vez defender a democracia. Não da forma como o fizeram os neoudenistas hipócritas à época da eleição de 2010, bradando contra o falacioso risco de "mexicanização", ou contra o populismo inexistente. O risco à democracia agora é o de pintar um mundo em branco e preto, em que tudo de mal se imputa a um partido, do qual nada de bom se pode tirar.
Para finalizar, é isto que leva certos intelectuais a posições de lastimável empáfia, como a de se sentirem no direito de conclamar a um líder político que se aposente da vida pública. Como se fosse lícito conclamar qualquer cidadão a abdicar de sua legítima condição de partícipe de seu tempo. Mais ainda de um cidadão que, mesmo tendo cometido erros, construiu instituições, melhorou a vida dos mais pobres e jamais ligou em redações para pedir a cabeça de jornalistas.
Bom vermelho e azul, Marcelo. O Reinaldo Azevedo não faria melhor.
ResponderExcluirHá muita coisa a dizer, mas não vou agora voltar aos pormenores. Vou me deter em alguns pontos.
1) O fato de os argumentos serem úteis para o PT é irrelevante. Os seus são úteis ao PSDB, mas não é isto que os qualifica como corretos ou incorretos.
2) O PT é um partido centralizado, como todos são. Isto não quer dizer que as ações da cúpula sejam referendadas por todos os membros do partido. Certamente pode-se falar numa ação institucional quando parte de sua direção, mas é necessário reconhecer que havia (e há) oposição dentro do partido e que as ações de uma direção não podem ser imputadas a todos.
3) Tentativa de golpe é um exagero. Mesmo porque, se houve compra de partidos, seria bom saber para quais votações. Curiosamente, o padrão de votação não mudou depois do mensalão. Aliás, foi antes, durante e depois do mensalão exatamente o mesmo. Houve corrupção e uma ação entre amigos. Contudo, a despeito do que julgou o supremo, não estou convencido - como cientista político - da compra de votos. Curioso, aliás, que o próprio PTB de Jefferson manteve o mesmo padrão de votação antes, durante e depois.
4) Por isto mesmo, não vejo diferença entre a corrupção do PT e a corrupção do PSDB de Azeredo, que segue no partido, é seu parlamentar, e presidiu o partido. Não é figura de segunda ordem. Isto, entretanto, não significa implicar todo o resto do partido por seus erros.
5) O PT é um câncer? Nada democrática essa sua afirmação. O PT é um partido que disputa democraticamente o poder. A ARENA, com a qual você o compara, era o partido de um regime autoritário. Os casos que você menciona, ou são caricaturas (a ideia do Conselhão como poder paralelo, um despropósito), ou nada têm a ver com desrespeito à democracia: (a) expulsar membros que não seguem a orientação do partido é algo normal, que qualquer partido pode fazer, sem atentar contra a democracia (partidos são organizações de adesão voluntária); (b) o PT subscreveu a Constituição (sua informação está errada), o que o PT fez foi votar contra o texto final, um direito democrático de qualquer minoria; (c) ser contra propostas de um governo ao qual se opõe é parte do jogo democrático (eu, aliás, discordo dessas posições tomadas pelo PT, mas não há nada de ilegítimo nelas); (d) a imprensa não sofreu qualquer inibição ao seu trabalho durante os 10 anos de governo do PT (fala-se muito disso, ultra-esquerdistas propõe que se faça isto, mas jamais o governo petista fez qualquer coisa nesse sentido, é um mito essa estória).
6) José Serra impôs-se como candidato do PSDB à presidência em 2002, inibindo qualquer debate partidário sobre a sucessão; ao fazer campanha, renegou o legado de FHC; sua passagem pela prefeitura é bem conhecida, legou-nos Kassab e, na dificuldade de vencer Alckmin na disputa interna (e avaliando que Lula seria facilmente reeleito), abandonou o barco para eleger-se no Estado, facilitando sua candidatura presidencial quatro anos depois. É claro que fez coisas, algumas meritórias. Em 2010, abafou a disputa dentro de seu partido para ser novamente candidato presidencial. Aécio sabe bem o que é o controle serrista da máquina partidária.
7) Religião na campanha é um tema legítimo para os reacionários, concordo. Serra desempenhou bem esse papel, assim como o Tea Party o faz nos EUA. Para alguém com um passado de esquerda, esta é uma escolha lastimável. Ademais, o antisecularismo alimenta a redução das liberdades individuais, é uma forma antiliberal de fazer política. E tais temas não entraram na campanha apenas por obra alheia. Serra atuou coordenadamente com os grupos de interesse religiosos. Quanto às mentiras, uma sequer precisaria ser lembrada: a repetida mentira de que cumprirá integralmente os mandatos para os quais se elege (sempre uma desculpa aparece depois); outras mentiras apareceram na campanha, como a vexaminosa equiparação da tarifa mensal do ônibus a uma taxa, tentando ludibriar o eleitor. Finalmente, quanto aos jornalistas, em vez de declinar aqui nomes (não saberia fazê-lo agora), sugiro a você um exercício. Ao encontrar com jornalistas, de diferentes veículos, em diferentes ocasiões, pergunte-lhes sobre o assunto. Não há um só jornalista com quem se converse (e eu faço isto com muita frequência) que não confirme que Serra liga nas redações para pedir cabeças. Eu mesmo conheço um, de quem sou próximo, cuja cabeça foi pedida por Serra. Nesta campanha, ouvi de outros dois (um de jornal, outra de TV) novamente histórias sobre isto.
ResponderExcluir8 ) Quanto ao Pinheirinho, o PSTU é sim responsável, concordo. Mas, o governo estadual também agiu com truculência. A mesma truculência que levou ao caos a cracolândia, sem que ninguém ali houvesse sido livrado do crack. Pelo contrário, como confirmam todas as instituições que lidam com drogados, cujo trabalho foi inviabilizado pela ação do governo e da prefeitura. Quanto ao que você fala da Marginal, só confirma minha afirmação. Privilegiamento do transporte individual e um gasto de milhões que poderia ter produzido centenas de milhares de quilômetros de corredores de ônibus, beneficiando não só os pobres, mas a cidade. É mesmo uma política antipobre, como as outras duas. Da sinalização caótica (ou falta dela) eu nem vou falar.
9) Quanto aos incêndios em favelas, a imprensa noticiou amplamente o desmantelamento das brigadas anti-incêndio do período Marta Suplicy.
10) O ENEM é um desastre? Pelo contrário. Enfrentou problemas compreensíveis na implementação de um programa de imensa envergadura, mas já está funcionando bem. Se os problemas do ENEM fossem um desastre, o que dizer do desabamento da obra do metrô em Pinheiros? Tanto num caso como no outro o que houve foram erros das empresas contratadas para executar os serviços. Coisas que podem acontecer em qualquer gestão. A descrição que se faz dos problemas do ENEM como um desastre é uma caricatura vergonhosa.
11) A diferença dos programas de transferência de renda do PSDB e do PT não é só o nome. É a escala. Basta fazer conta. Não só quase triplicou o número de famílias assistidas, como aumentou o valor dos benefícios e criou-se um amplo cadastro que serve de base a outras políticas sociais.
12) Dizer que a direita é antipobre é dizer o óbvio. A direita, sob o argumento de defender o mercado e a liberdade individual (a direita "liberista", não a fascista), larga os pobres ao léu. Mas a direita tucana também tem uma política de segurança homicida (veja os números da letalidade policial, o cel. Telhada etc.).
1) Você está certo neste ponto.
ResponderExcluir2) Todos são? De modo algum. Nada é feito no PT sem a anuência da cúpula. O PSDB é um partido dividido. Gasta muito mais tempo com picuinhas internas que fazendo oposição. A maioria dos outros partidos não tem a centralização que tem o PT. As ações da cúpula do PT de fato não são referendadas por todos os membros. Os que tinham vergonha na cara saíram há tempos.
3) Não vamos concordar sobre esse ponto. Acho que o PT recorre a qualquer meio, lícito ou ilícito, para aumentar seu poder.
4) Azeredo devia ter sido expulso. O fato de não ter sido é muito decepcionante. Porém, a única coisa em comum entre o que chamam de "mensalão mineiro" e o que chamam de "mensalão" são empréstimos fictícios e Marcos Valério. Onde está a compra de parlamentares e/ou partidos em Minas?
5) O PT vem tentando estabelecer um regime autoritário. Ainda não conseguiu. Talvez não consiga nunca, mas não vai desistir. Sobre o Conselhão, Lula queria que suas reuniões valessem como sessões do Congresso para aprovar emendas constitucionais. Sobre a eleição de Tancredo, o problema não é expulsar os membros, é a recusa em apoiar o candidato que representava a redemocratização. Vou pesquisar se o PT subscreveu ou não a Constituição. Ser contra propostas do governo é, de fato, legítimo. O interessante é que o PT foi contra tudo isso quando na oposição e passou a ser a favor quando no governo. Tenho o direito de achar que eles estavam se opondo ao país, não ao governo. É um pouco tarde, mas em outra hora posso levantar exemplos de tentativa de cerceamento à liberdade de expressão.
6) Não consigo entender muito bem como os candidatos são escolhidos no PSDB. Não vou discutir esse ponto. Considero Kassab um bom prefeito, muito melhor que Marta, Pitta, Maluf, Erundina e Jânio. A população já achou isso, tanto que o reelegeu. O massacre que a imprensa faz de seu governo fez efeitos.
7) Ninguém, ninguém mesmo está tentando impor valores religiosos a quem não é religioso. Porém, é perfeitamente legítimo que um bispo se dirija aos católicos e lembre quem defende e quem ataca os valores católicos. O mesmo vale para um pastor, um monge budista ou um pai-de-santo. Sou radicalmente a favor da liberdade de expressão. Os religiosos que conheço ficaram frustrados com Serra porque ele não mencionou, em 2010, o fato de que Dilma defendia o aborto ou que o aborto faz parte do programa do PT.
Por algum motivo, o Tea Party que eu vejo é diferente do que você vê. O que eu vejo é libertário, não é conservador. Sobre se comprometer a cumprir integralmente mandatos, Gilberto Dimenstein conseguiu criminalizar uma prática legítima e, em minha opinião, virtuosa. Sempre ouvi muita gente dizendo que a política devia ser feita em torno de ideias e partidos e não em torno de pessoas. Serra montou uma administração eficiente na prefeitura de São Paulo, que continuou funcionando depois que ele saiu. Funcionou tão bem que Kassab foi reeleito, mesmo sem o apoio do PSDB. E Serra foi assumir outra função pública, impedindo que o PT chegasse ao Palácio dos Bandeirantes. Sobre o exercício que você propôs, infelizmente, não tenho a oportunidade de me encontrar com jornalistas de diferentes veículos para perguntar qualquer coisa. Mas gostaria de perguntar a você: os veículos demitem os jornalistas ou não? E o que Serra faz depois, especialmente com os veículos que não se submetem a sua vontade?
ResponderExcluir8) Também não vamos concordar sobre este ponto. No Pinheirinho, uma situação potencialmente explosiva, o PSTU fez tudo o que pôde para provocar uma tragédia. Não conseguiu devido ao excepcional trabalho da Polícia Militar. Também na cracolândia foi feito um bom trabalho, apesar das tentativas da Defensoria Pública de sabotá-lo. Pelo seu raciocínio, a prefeitura não deveria fazer uma grande obra para, por exemplo, duplicar a Estrada do M'Boi Mirim, porque isso é privilegiar o transporte individual. Ocorre que os carros já estão lá. A prefeitura deveria proibi-los de circular, talvez?
9) E por que o número de incêndios caiu?
10) O desabamento da obra em Pinheiros foi um desastre. Não me consta que o ENEM tenha matado alguém, mas ainda não deu certo nenhuma vez. Fora a questão da doutrinação ideológica.
11) Bem, o PT continuou o trabalho que o PSDB começou. Portanto o PT é a favor dos pobres e o PSDB é contra. É isso que você está dizendo ou eu perdi alguma coisa?
12) Poderia ter deixado o "Curtir" no seu comentário se não fosse por este ponto. Aqui, você está fazendo um ataque simplista e injusto. A direita entende que a maneira de ajudar os mais pobres é produzindo e distribuindo riqueza. Que, por causa dessa política, não houve mais fome na Europa depois da metade do século XIX. Que os miseráveis nos Estados Unidos estão em situação melhor que os assalariados de, sei lá, El Salvador. Não existe direita tucana, isto é uma contradição em termos. O PSDB é um partido de esquerda. Direita é algo muito diferente, que não está representado no espectro político brasileiro. Os números da letalidade policial em São Paulo são muito, muito menores que os do Rio de Janeiro. São menores que os de muitos outros estados.