sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Entrevista de Benicio del Toro a Marlen Gonzalez sobre Che Guevara



Apresento a transcrição da entrevista de Benicio del Toro a Marlen Gonzalez sobre Che Guevara, traduzida para o português.

Marlen Gonzalez: Por que Miami para estrear este filme, a cidade onde vivem tantos cubanos, vítimas de uma forma ou de outra de um sistema que está implantado em Cuba neste momento? É uma provocação?

Benicio del Toro: Não. Não é uma provocação. Creio que é importante trazer e ver... Não creio que todos os cubanos pensem igual, necessariamente, sobre um filme a respeito de Che.

Marlen: Mas imagine que o filme tem uma destacada influência, porque vi o filme, apresentando uma imagem positiva de Che. Imagine que você fosse mostrar em Miami Beach, aqui em Miami, ou em qualquer cidade do mundo, a parte boa de Hitler. Estaríamos ofendendo 15 milhões de judeus e 6 milhões de... e a memória de 6 milhões.

Benicio: Eh... eh... Não creio que Che tenha feito campos de concentração.

Marlen: Bem, estamos falando de assassinatos. Agora, não é igualmente um assassino aquele que mata uma pessoa e aquele que mata cem ou que mata cem mil? Não pomos em todos o título de assassino, igualmente?

Benicio: Bem, falamos de pena de morte. O que você diz se aplica à pena de morte, a generais em exércitos ou a qualquer um que defenda a pena capital.

Marlen: Mas não é pena de morte. É ordenar fuzilamentos. E você decidiu interpretar esse papel, é um trabalho de ator para você?

Benicio: Sim.

Marlen: Mas as opiniões que você deu, você, Benicio del Toro, em sua consciência, você disse que Che Guevara foi assassinado como um criminoso de guerra e não foi. Mas você sabe que quando a revolução triunfou, você sabia que ele ficou encarregado de uma prisão em Cuba, chamada La Cabaña, e ali mandou fuzilar mais de quatrocentos cubanos. Você sabia disso?

Benicio: Sim, sabia, mas foram, pelo que entendi e está gravado, está gravado e vi pedaços dessa gravação, muitos desses que foram fuzilados haviam sido, havia um terrorismo de parte do governo Batista.

Marlen: Noventa por cento eram presos de consciência, simplesmente por discordarem do sistema nascente. Simplesmente por terem opinião diferente.

Benicio: Eu não sabia. Não sabia disso. Não. De onde, de onde você tirou isso?

Marlen: Está historicamente documentado, inclusive na Argentina. Não somente por nós, cubanos. E por que não se mostra no filme a parte dos fuzilamentos? Por que se mostra que se fuzila uma pessoa que foge da serra e se salta para o discurso nas Nações Unidas, enquanto em Cuba estão fuzilando, continuarão fuzilando -- fuzilaram, estão fuzilando e continuarão fuzilando -- como para dar a entender que houve fuzilamentos para fazer justiça, mas não se mostra La Cabaña, não se mostram os assassinatos, não mostram os disparos que deu Che a sangue frio.

Benicio: Eh... não, não sei...

Marlen: Ele disse que a forma mais positiva e forte de qualquer manifestação é um tiro bem dado em quem se deve dar, no momento certo.

Benicio: Como é?

Marlen: Che disse que a manifestação mais positiva e forte que existe, além de todas as ideologias, é um tiro bem dado em quem se deve dar, no momento certo. Já havia lido isso de Che? Escrito de próprio punho por Che?

Benicio: Eh, não me recordo exatamente.

Marlen: Veja, "Guevara: Misionero de la Violencia", de Pedro Corzo, cubano. Para que você leia um pouco mais sobre Che.

Um comentário:

  1. As pessoas só podem ter uma ideia do que foi a História, e isso baseado em escritos ou ditos por quem participou. Porém nunca será a verdade. Nós nesse momento estamos participando ao vivo e a cores de uma crise política que o Brasil vem passando. Porque isso não é uma crise puramente econômica. Se fomos ouvir partes diferentes, teremos uma visão diferente do que aconteceu no ano de 2016. Supondo que estaremos no ano de 9986. Eu mesma gostaria de dar 2 tiros: Um na cabeça de quem inventou os cargos de senadores no Brasil, e o outro em mim. Por ter nascido nesse país de alienados, materialista, egoístas e vaidosos! Não posso reclamar de Ernesto Che Guevara!

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