sábado, 4 de maio de 2013

O Deus da Máquina, capítulo III


O Apóstolo Paulo Explica os Princípios da Fé na Presença do Rei Agripa, de Sua Irmã Berenice e do Procônsul Festo, pintado por Vassili Surikov, em 1875.
O terceiro capítulo de O Deus da Máquina (Roma Descobre a Estrutura Política), de Isabel Paterson, começa enfatizando os defeitos da Lei Romana. Ela era frequentemente cruel e previa, por exemplo, a escravidão por dívidas. Aplicava-se apenas aos poucos homens que eram cidadãos. A principal virtude da Lei Romana era o simples fato de que ela existia e não era arbitrária.

Por causa da familiaridade com a lei, os romanos pensavam de maneira diferente dos outros povos. Portanto, eram mais confiáveis quando estabeleciam um tratado com outros povos. A cidadania podia ser concedida a um povo conquistado e as autoridades locais poderiam ser mantidas, desde que subordinados a Roma, e os costumes não precisavam ser alterados. Com isso, o risco de revolta era minimizado.

O melhor exemplo de como isso funcionava é a história do Apóstolo Paulo. Durante uma revolta local, Paulo foi preso por soldados romanos. Quando ia ser açoitado, apresentou-se como cidadão. O centurião, o comandante e o governador ficaram com medo.

A Lei Romana foi o principal fator de coesão da nação. Quando os domínios da República Romana cresceram demais, as forças acumuladas nas províncias colidiram contra o centro e a República foi derrubada. Mas surgiu o Império e a nação se manteve porque, de alguma maneira, a Lei continuou funcionando. O Imperador fazia o papel de um fusível no sistema. Se necessário, ele seria eliminado e substituído, mas a nação permanecia estável. Isabel Paterson ressalta que Roma não era um império militar. Num império militar, a autoridade civil seria subordinada à militar. Porém, no embate entre o cidadão Paulo e as autoridades militares romanas, as autoridades é que ficaram com medo.

É curioso que Paulo expressa sua visão religiosa por analogia à cidadania romana e expressa o conceito cívico romano do homem como entidade. Paulo representa a terceira ideia fundadora da Europa e do Novo Mundo: a de que o homem possui uma alma individual e imortal.

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