sexta-feira, 26 de abril de 2013

O Deus da Máquina, capítulo II


No segundo capítulo de O Deus da Máquina, O Poder das Ideias, Isabel Paterson questiona por que sentimos que os fenícios, que foram tão poderosos e importantes em seu tempo, não nos legaram nada. Entendemos que somos herdeiros dos gregos e dos romanos, mas não dos fenícios. Ocorre que a estrutura da Europa e depois a do Novo Mundo se originaram de três ideias: uma grega, uma romana e a terceira, que será tratada no próximo capítulo.

Costumamos pensar no valor da arte e da literatura da Grécia. Mas as artes gregas são estáticas. A arquitetura é extremamente simples e inorgânica. Politicamente, os gregos usaram a lógica para superar a tradição, mas não encontraram um princípio. Como resultado, não conseguiram um sistema estável. A ideia revolucionária dos gregos, encarnada em Pítias, é a Ciência.

Os gregos entenderam que o conhecimento tem valor em si mesmo e que é possível relacionar o conhecimento de áreas diversas, sistematizá-lo e ampliá-lo indefinidamente. Porém, desprezavam as aplicações práticas do que descobriram. Acreditavam que o objetivo de sua pesquisa devia ser unicamente o prazer intelectual de conhecer a verdade.

Subitamente, foram conquistados pelos romanos, que haviam tido outra ideia revolucionária: a Lei. Povos primitivos acreditam que suas leis são imutáveis, baseiam-se no costume. Porém, quando as condições mudam de maneira muito abrupta, o costume não é suficiente para lidar com a nova situação. Surge a necessidade de haver uma liderança que decida o que fazer. Isso resolve o problema por algum tempo, até que a sociedade se torne mais complexa. Quando são necessárias instituições mais permanentes e organizadas, a liderança não dá conta disso e aparece a monarquia. É fácil a monarquia se converter em despotismo.

Talvez Roma nunca tenha sido uma comunidade bárbara. Sabemos que, desde cedo, usava-se dinheiro em Roma e as terras eram propriedade privada. São elementos de uma civilização avançada. Roma também concedia asilo a estrangeiros. Era necessário nascer grego, mas era possível tornar-se romano. Com esse contexto, Roma procurou resolver o problema da estrutura de governo em bases racionais e criou a República. A base da sociedade era a família. Havia os clãs, que eram uma aristocracia sem a hierarquia do feudalismo posterior. Havia os plebeus, que eram a massa da população, mas não necessariamente os pobre. E um dos pilares do sistema que construíram eram as tribos, uma divisão territorial, não ligada à ancestralidade.

Havia diversos mecanismos para proteger a sociedade de tentativas de usurpação: dualidade nos cargos, mandatos fixos e curtos, controle civil sobre os militares, igualdade entre os senadores, liberdade de expressão. E um mecanismo de obstrução: os tribunos da plebe. Esse sistema funcionou por séculos.

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