terça-feira, 22 de abril de 2014

O Deus da Máquina, capítulo XIX

No capítulo XIX de O Deus da Máquina, Crédito e Depressões, Isabel Paterson mostra que dar e tomar crédito são impulsos naturais do ser humano. A expansão da faculdade criativa que o crédito permite vale mais que o risco. Se a humanidade não desejasse correr nenhum risco, jamais concederia crédito e isso evitaria completamente as depressões. Mas não é o que ocorre.

Ela diz que o colapso de crédito não é causado pela corrupção. Normalmente, a desonestidade aparece depois que o problema já está instalado, quando dirigentes de empresas abaladas pela crise recorrem à contabilidade criativa para tentar salvá-las. A desonestidade desvia o foco do problema principal e dá oportunidade para que surjam discussões infrutíferas com argumentos vazios. Por exemplo, há quem diga: “Produção para o uso e não para o lucro.” Bem, se algo for produzido e não for usado, não há lucro. E a produção e o lucro são exatamente a mesma coisa. Produzir é criar algo que não existia antes. Isso que é criado é o lucro.

Em um colapso de crédito, mesmo as empresas sólidas são duramente afetadas. Se possuem reservas de dinheiro, podem continuar funcionando até que o circuito seja razoavelmente restabelecido. A liquidação mais rápida e mais drástica das empresas insolventes seria a solução melhor e mais justa, porque reconectaria mais rapidamente o sistema de produção. Mas isso raramente é permitido. Ao contrário, o poder político é chamado para tomar o dinheiro ou depreciá-lo; o medidor é falsificado e se provoca um vazamento geral em toda a linha.

O capitalismo não é coletivo e não pode ser levado a nenhum sistema de coletivismo; é o sistema econômico do individualismo. A era da energia só foi possível após uma concentração de capital privado, o que o coletivismo jamais permitiria. Isabel Paterson diz que isso levou algumas mentes superficiais, como a de Marx, a concluir que o capitalismo tendia à concentração da riqueza e à divisão de interesses de “classe”. Mas o “interesse” do capitalismo é a distribuição. Como ações cooperativas são úteis para o desenvolvimento do indivíduo, o capitalismo é plenamente capaz de realizar, por associação voluntária, operações cooperativas vastas e complexas de que o coletivismo é totalmente incapaz. Essa operações se encerram quando deixam de ser úteis. Nenhuma sociedade coletivista pode permitir a cooperação; essas sociedades se baseiam na compulsão; por isso, permanecem estáticas.

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