Sou fã de Isadora Faber desde que sua página de Facebook Diário de Classe ficou famosa, em agosto de 2012. Acompanhei as reformas que ela conseguiu que fossem feitas em sua escola, as merendas que ela fotografou, os Boletins de Ocorrência registrados por professoras, a epopéia da pintura da quadra e a agressão de que sua avó foi vítima.
O livro que ela está lançando, Diário de Classe - A Verdade, conta muito bem essa história. Com treze anos, indignada com os problemas da Escola Básica Municipal Maria Tomázia Coelho, onde cursava a sétima série, Isadora resolveu criar uma página no Facebook, com a ajuda de uma amiga. Publicou algumas fotos de portas de banheiro quebradas, fios desencapados, merenda ruim e esperava ter talvez 50 seguidores. Conforme começou a haver alguma repercussão, os professores, funcionários e a direção da escola passaram a pressionar as meninas a desistirem da página. A amiga de Isadora de fato desistiu e essa foi sua primeira decepção.
A imprensa descobriu o Diário de Classe e, em pouco tempo, houve um interesse mundial pelo caso e o número de seguidores chegou a mais de 500.000. Muitas coisas que ela pedia foram feitas, a escola foi reformada, o professor de matemática que não dava aula foi demitido, as autoridades municipais de educação tiveram de dar muitas explicações à imprensa. Porém, a pressão contra Isadora continuou sem tréguas. Por outro lado, o apoio de pessoas desconhecidas, entidades no Brasil e no exterior, prêmios diversos, eventos diversos e participação em programas de TV. Mais de 150 páginas foram criadas pelo Brasil, com a mesma intenção de mostrar os problemas de escolas públicas.
O livro conta tudo isso de maneira muito bem organizada, com reprodução de muitos posts e a informação de quantos seguidores a página tinha a cada momento. Existe um link para cada notícia mencionada.
Hoje, Isadora não estuda mais em uma escola pública. Está cursando o primeiro ano do ensino médio em um colégio particular. Percebeu uma enorme diferença entre a escola pública e a privada. No ensino privado, curiosamente, as instalações são conservadas, os professores não faltam, as reclamações dos alunos e dos pais são ouvidas.
Isadora fundou uma ONG e pretende contribuir de alguma maneira para a educação no Brasil.
Independentemente do que ela faça daqui para frente, de suas escolhas políticas ou das pessoas a quem ela se associe, admiro muito o que ela fez, sua coragem e determinação. Sua história é a história de um indivíduo lutando contra os abusos de poder das autoridades constituídas, usando como ferramenta apenas sua liberdade de expressão. Eu gostaria de ser Isadora Faber.
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