XII
O
telefone, a luz elétrica, as meias de seda, as frutas e legumes
frescos no inverno, os açougues com boas condições sanitárias, a
geladeira, a garrafa de leite, o fogão a gás ou a querosene, roupas
prontas, o lençol sem costuras, o papel de parede, a escova de
dente, o sapato de couro, o cinema, o sorvete e mil outras coisas às
quais os americanos estão tão acostumados que não as veem, todas
testemunham uma distribuição de riqueza neste país individualista
de tal ordem que nenhum outro povo sonhou ter.
Há
vinte e cinco anos, o automóvel era um privilégio de homens ricos.
Ainda é, em todos os lugares menos aqui. Na América, a anarquia do
egoísmo individualista descontrolado distribuiu automóveis de tal
maneira que, durante a pior miséria dos anos 30, a Califórnia ficou
entupida de dezenas de milhares de famílias sem um centavo que
chegavam; e os famintos não marchavam, viajavam em caminhões. E é
correto que essas pessoas tenham automóveis; é exatamente o que eu
quero dizer. Elas devem tê-los, e o individualismo conseguiu de
alguma maneira, sem planejamento ou qualquer objetivo definido, fazer
com que elas os obtivessem.
Há
trinta anos, a maioria dos americanos tomava banho numa tina no
sábado à noite e iluminava o caminho até a cama com uma lâmpada
de querosene. Até hoje, os ingleses são considerados no mundo
inteiro um povo extraordinariamente asseado, porque em qualquer casa
inglesa de classe média ou qualquer hotel de classe média alta em
Londres, pode-se tomar banho numa banheira de latão levada para o
quarto. Hoje, nossos indignados intelectuais americanos acusam a
América por permitir que mais de dois milhões de casas rurais não
possuam banheiros modernos ou luz elétrica. Alguma coisa tem que ser
feita para resolver isso, dizem eles.
Deve
haver mais de dois milhões de famílias americanas usando ainda
tinas para banho e lâmpadas de querosene. Deveriam ter água
encanada e eletricidade. Deveriam ter aquecimento central,
refrigeração elétrica, ar condicionado, televisão e todas as
outras formas de riqueza material que possa ser imaginada e criada
para servir-lhes no futuro.
Ainda
há muita desigualdade econômica; a diferença entre ricos e pobres
não diminuiu o suficiente. Com certeza, alguma coisa deveria ser
feita para distribuir riqueza, para elevar o padrão geral de vida,
para melhorar as condições de vida dos pobres e dar a todos,
particularmente aos ricos, uma via mais abundante.
Mas
é precisamente o que essa anarquia de individualismo vem fazendo,
vem fazendo crescentemente, pelo curto período da história moderna
durante o qual funcionou. Quando olho para essa experiência
americana única que mal começou, que vem acontecendo há menos de
um século e meio, acho que podemos dizer que é um sucesso.
http://www.libertarianismo.org/index.php/biblioteca/234-rose-wilder-lane/1074-quero-liberdade
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