quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Yoani Sánchez na Livraria Cultura


Estive na Livraria Cultura para dar meu apoio a Yoani Sánchez, comprar o livro dela para alguns amigos e pegar uns autógrafos. Estou cansado como se tivesse passado o dia cortando cana em Cuba, mas não sei se vou conseguir dormir.

Logo que cheguei, encontrei um grupo de amigos que tinha levado cartazes de apoio a Yoani. Uma comunistinha se aproximou e perguntou se nós éramos do grupo de solidariedade (a Cuba). Ninguém entendeu o que ela disse, e um deles respondeu: "Você está falando do Sindicato Solidariedade, que derrubou o comunismo na Polônia?" Ela foi embora.

Ficamos um bom tempo na fila, e a aumentava a quantidade de pessoas vestindo a bandeira de Cuba, camisetas da UJS e do PC do B. Mas havia muitas pessoas que tinham ido só para ouvir a Yoani e outras que pretendiam protestar a favor. De repente, começaram algumas manifestações e mostramos nossos cartazes. "Fala, Yoani! Fala!" "Nem todo brasileiro defende ditaduras." "Che usava Rolex. Fidel usa Adidas. Yoani come banana e, por isso, é capitalista. (Lógica das esquerdas)" "'Yoani, agente estadunidense' (sent from my iPhone)." Socialismo no Cuba dos outros é refresco."

As pessoas se surpreenderam por estarmos solidários a ela. Muita gente tirou fotos, muita gente estava ali para vê-la.

Então chegou uma tropa grande do PC do B. Carregando cartazes impressos, com apitos, narizes de palhaço, megafones e uma faixa bem grande, levada por quatro ou cinco pessoas. A fila deixou de existir nessa hora. Eles gritavam "Fascistas, não passarão!". E usavam o sensacional argumento pró-Fidel: gritavam "Quem não pula é fascista." enquanto davam pulinhos…

Gritamos de volta muitas vezes. Não de maneira tão organizada e profissional como eles, sem megafone e em minoria. Nos fizemos ouvir muitas vezes, mesmo assim. "Cuba sim, Fidel não!" "Ei, socialista, liberdade é uma delícia!" Quando eles disseram que apoiávamos o embargo americano, gritamos "Embargo não! Livre comércio!"

O evento abriu, mas demorei um pouco a perceber por causa da confusão. Havia bastante policiamento e segurança. Não estavam deixando muitas pessoas entrarem de cada vez. Os comunistas não eram barrados, desde que tivessem a pulseirinha da Livraria Cultura. A maioria das pessoas no auditório queria ouvir a Yoani, mas os comunistas ficavam interrompendo o tempo todo, e a quantidade deles ia aumentando conforme mais alguns conseguiam entrar.

A Barbara Gancia fez uma pergunta enviada pelo Reinaldo Azevedo (ouvi ela dizendo isso quando depois que o evento terminou). A pergunta era: "Na contra-capa do livro, está escrito que você não escreve sobre política. Você acha que há uma tentativa de despolitizar o que você representa?" Não consegui ouvir a resposta, por causa dos comunistas.

Os comunistas gritavam "mercenária", quando Yoani tentava falar. Várias vezes perguntei aos que estavam atrás de mim se eles por acaso estavam lá de graça. Se não entendi mal, uma senhora comunista chegou a me dizer que trabalhava assim, que era patrocinada.

O evento acabou abruptamente, estava ficando impossível qualquer debate. Yoani saiu rapidamente do palco. A organização dizia que ela retornaria logo. As pessoas se aglomeraram na frente. Primeiro chegaram as pessoas que queriam autógrafos, depois os comunistas. Quando estes forçaram uma aproximação, algumas pessoas tentaram barrá-los. Exatamente nessa hora, estava perto de mim, no meio dos dois grupos, um senhor de uns cinquenta anos, com uma camisa do Juventus (vermelha) e um livro na mão, querendo um autógrafo. Ele foi confundido com um comunista e empurrado, coitado.

Acabaram anunciando que a Yoani havia ido embora. Não haveria condições de segurança para ela dar autógrafos pessoalmente. Disseram para deixarmos os livros e nossos nomes e CPF, que ela autografaria todos e poderíamos pegar os livros amanhã. Deixei os meus lá, espero que funcione.

Os livros que levei foram: "De Cuba com Carinho" (claro), "A Ilha Roubada", de Sandro Vaia, "Cuba Libre", dela, em italiano, e "Memorias de un Guerrillero Cubano Desconocido", de Juan Juan Almeida.


Estou cansado, mas estou feliz. Até a última vez que olhei, o Brasil era uma democracia. Esses verdadeiros fascistas não têm o direito de nos impedir de fazer o que quer que seja. Seus abusos precisam de resposta.

Demos uma resposta hoje.

2 comentários:

  1. parabéns!!! Pena que eu não pude ir... Mas como diz minha mãe (não sou comunista, tenho mãe) AINDA BEM que eu não fui!!! Não sou tão tolerante como vc foi!!!
    Parabéns!

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  2. Eu quase fui. Estava saindo do trabalho às 4:10 pm. Mas, em uma próxima vez eu vou xingar uns comunistas safados. ashuashuahus

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