sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Quero Liberdade (cap. XIV), de Rose Wilder Lane

XIV

Não novidade nenhuma na economia planejada e controlada. Os seres humanos vivem sob formas variadas dessa segurança social há seis mil anos. A novidade é a anarquia do individualismo, que vem operando livremente apenas neste país há um século e meio.

Quando escrevi este livro pela primeira vez, há dez anos, perguntei a mim mesma se o individualismo tem vitalidade social suficiente para sobreviver num mundo que está se voltando outra vez para as formas estáticas, essencialmente medievais. O individualismo, que por sua própria natureza não tem organização nem líder, pode se manter contra o ataque determinado de um grupo pequeno, organizado, controlado e que acredita fanaticamente que um homem forte no poder pode dar ao povo uma vida melhor que aquela que esse povo poderia criar por si mesmo?

O espírito do individualismo ainda está aqui. Há cerca de 130.000.000 de seres humanos nestes Estados Unidos, e nenhum de nós está livre da ansiedade, e muito poucos de nós não tiveram que reduzir seu padrão de vida nos últimos anos. A quantidade dos que ficaram sem emprego e enfrentaram fome de verdade é desconhecida; as estimativas mais altas chegam a doze milhões. Desse número, menos de um terço apareceu nos relatórios de medidas de alívio. Em algum lugar, os milhões que precisavam de ajuda e não foram ajudados ainda estão lutando por conta própria em meio à depressão.

Milhões de fazendeiros ainda são senhores de suas terras; não estão recebendo cheques dos fundos públicos para os quais contribuem com seus impostos crescentes.

Milhões de homens e mulheres estão pagando em silêncio suas dívidas para as quais não pediram renegociação; milhões cortaram as despesas ao mínimo necessário, gastando cada moeda com medo de que logo não tenham nada e, de algum jeito, se mantendo animados durante o dia e encontrando Deus sabe qual força ou fraqueza em si mesmos, durante as noites sombrias.

Os americanos continuam pagando o preço da liberdade individual, que é a responsabilidade individual e a insegurança.

Esses americanos despercebidos estão defendendo o princípio sobre o qual esta república foi fundada, o princípio que criou este país e que trouxe, de fato, o máximo bem possível para a máxima quantidade de gente. Por essa coragem e perseverança, o princípio americano vem sendo defendido com sucesso, repetidas vezes, por mais de um século.

Lembramo-nos dos americanos que morreram nas guerras deste país. Construímos monumentos em memória deles e deixamos flores em seu túmulo. Foram os americanos que viveram e mantiveram o espírito de luta através dos tempos amargos e difíceis que vieram depois de cada surto de prosperidade, foram os homens e mulheres que se importaram tanto com sua liberdade pessoal que assumiram os riscos de depender de si mesmos e passar fome se não conseguissem se sustentar, foram essas pessoas que criaram nosso país – o país livre, o país mais rico e feliz do mundo.

Mas, durante aquele primeiro século, o mundo ocidental estava se voltando para o liberalismo genuíno, para a libertação do indivíduo das garras do Estado – que costumava ser chamado de tirania e hoje é chamado de “legislação administrativa”. O teste de força vem agora, quando a Europa, a Ásia e muitos americanos se afastaram da liberdade e do dinâmico mundo moderno em direção à velha ordem estática na qual os indivíduos, agora sem permissão de agir livremente, não tem responsabilidade, mas deixam tanto o poder quanto os encargos para seus governantes.

http://www.libertarianismo.org/index.php/biblioteca/234-rose-wilder-lane/1074-quero-liberdade

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