XIV
Não
novidade nenhuma na economia planejada e controlada. Os seres humanos
vivem sob formas variadas dessa segurança social há seis mil anos.
A novidade é a anarquia do individualismo, que vem operando
livremente apenas neste país há um século e meio.
Quando
escrevi este livro pela primeira vez, há dez anos, perguntei a mim
mesma se o individualismo tem vitalidade social suficiente para
sobreviver num mundo que está se voltando outra vez para as formas
estáticas, essencialmente medievais. O individualismo, que por sua
própria natureza não tem organização nem líder, pode se manter
contra o ataque determinado de um grupo pequeno, organizado,
controlado e que acredita fanaticamente que um homem forte no poder
pode dar ao povo uma vida melhor que aquela que esse povo poderia
criar por si mesmo?
O
espírito do individualismo ainda está aqui. Há cerca de
130.000.000 de seres humanos nestes Estados Unidos, e nenhum de nós
está livre da ansiedade, e muito poucos de nós não tiveram que
reduzir seu padrão de vida nos últimos anos. A quantidade dos que
ficaram sem emprego e enfrentaram fome de verdade é desconhecida; as
estimativas mais altas chegam a doze milhões. Desse número, menos
de um terço apareceu nos relatórios de medidas de alívio. Em algum
lugar, os milhões que precisavam de ajuda e não foram ajudados
ainda estão lutando por conta própria em meio à depressão.
Milhões
de fazendeiros ainda são senhores de suas terras; não estão
recebendo cheques dos fundos públicos para os quais contribuem com
seus impostos crescentes.
Milhões
de homens e mulheres estão pagando em silêncio suas dívidas para
as quais não pediram renegociação; milhões cortaram as despesas
ao mínimo necessário, gastando cada moeda com medo de que logo não
tenham nada e, de algum jeito, se mantendo animados durante o dia e
encontrando Deus sabe qual força ou fraqueza em si mesmos, durante
as noites sombrias.
Os
americanos continuam pagando o preço da liberdade individual, que é
a responsabilidade individual e a insegurança.
Esses
americanos despercebidos estão defendendo o princípio sobre o qual
esta república foi fundada, o princípio que criou este país e que
trouxe, de fato, o máximo bem possível para a máxima quantidade de
gente. Por essa coragem e perseverança, o princípio americano vem
sendo defendido com sucesso, repetidas vezes, por mais de um século.
Lembramo-nos
dos americanos que morreram nas guerras deste país. Construímos
monumentos em memória deles e deixamos flores em seu túmulo. Foram
os americanos que viveram e mantiveram o espírito de luta através
dos tempos amargos e difíceis que vieram depois de cada surto de
prosperidade, foram os homens e mulheres que se importaram tanto com
sua liberdade pessoal que assumiram os riscos de depender de si
mesmos e passar fome se não conseguissem se sustentar, foram essas
pessoas que criaram nosso país – o país livre, o país mais rico
e feliz do mundo.
Mas,
durante aquele primeiro século, o mundo ocidental estava se voltando
para o liberalismo genuíno, para a libertação do indivíduo das
garras do Estado – que costumava ser chamado de tirania e hoje é
chamado de “legislação administrativa”. O teste de força vem
agora, quando a Europa, a Ásia e muitos americanos se afastaram da
liberdade e do dinâmico mundo moderno em direção à velha ordem
estática na qual os indivíduos, agora sem permissão de agir
livremente, não tem responsabilidade, mas deixam tanto o poder
quanto os encargos para seus governantes.
http://www.libertarianismo.org/index.php/biblioteca/234-rose-wilder-lane/1074-quero-liberdade
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