domingo, 10 de fevereiro de 2013

Stalin queria a URSS fazendo parte do Eixo. Hitler não topou.



Segue um trecho do capítulo O pacto dos totalitarismos: Hitler e Stalin, do livro Liberdade Versus Igualdade Vol. 1 - O Mundo em Desordem, de Demétrio Magnoli e Elaine Senise Barbosa.
Fontes de inteligência soviética no Japão informaram previamente Stalin sobre as negociações para o Pacto do Eixo, firmado entre Berlim, Roma e Tóquio em setembro de 1940. O pacto tripartite se destinava a dissuadir os Estados Unidos de se envolver na guerra europeia, mas Stalin desconfiava da existência de um protocolo secreto concernente à URSS. Não existia tal protocolo, mas Hitler já oscilava entre as ideias de invasão das Ilhas Britânicas e da URSS. em outubro, o ditador soviético solicitou que Molotov fosse recebido para discutir o ingresso de seu país no Eixo. Ribbentrop respondeu positivamente e a cúpula nazista ensaiou uma proposta de divisão das esferas de interesses no sudeste europeu pela qual os soviéticos se contentariam com uma zona de influência a leste do mar Negro.

O trem de Molotov chegou a Berlim a 12 de novembro. Uma banda tocava A Internacional na plataforma, onde Ribbentrop o aguardava. Seguiram-se dois dias de negociações com o próprio Ribbentrop e com Hitler. Os alemães sugeriram a divisão da Eurásia e da África em quatro esferas de influência. O soviético indicou que seu país não abriria mão de um controle indireto sobre a Bulgária e de uma influência decisiva sobre os estreitos de Bósforo e Dardanelos, na entrada ocidental do mar Negro. Hitler, que não pretendia discutir aquelas demandas, enfatizou que o prêmio maior seria a futura partilha do Império Britânico. Na mesma noite, findo o encontro, ele emitiu uma instrução sigilosa sobre os preparativos para a invasão da URSS.

No encontro, os alemães chegaram a apresentar um esboço de acordo, que concederia à URSS uma esfera de influência meridional, na direção do golfo Pérsico e do oceano Índico. Molotov não se impressionou com a proposta, ciente de que Hitler rejeitava discussões sobre os interesses soviéticos na Europa, especialmente nos Bálcãs. Duas semanas depois, Moscou enviou contraproposta para um pacto quadripartite, adocicada pela garantia de amplos fornecimentos soviéticos de matérias-primas e alimentos. Stalin queria que as tropas alemãs se retirassem da Finlândia e pedia a inclusão da Bulgária e dos estreitos turcos na sua esfera de influência.

A contraproposta soviética jamais recebeu resposta, apesar de nervosas e insistentes cobranças de Molotov em dezembro e janeiro. A 5 de dezembro Hitler confirmou os planos de invasão da URSS, prevista inicialmente para maio. A 18 de dezembro a projetada invasão ganhou o nome codificado de Operação Barbarossa. Por decisão de Berlim, Moscou não ingressou no Pacto do Eixo.



Stalin, entre Ribbentrop e Molotov, em Moscou, na conclusão do Pacto Germano-Soviético de 1939. No dia seguinte, como por encanto, os partidos comunistas cessaram a crítica à Alemanha, girando as baterias contra os liberais e os social-democratas. Durante mais de um ano, em toda a etapa inicial da guerra, a URSS forneceria as matérias-primas para o esforço militar nazista.

Nenhum comentário:

Postar um comentário